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A água seria uma espécie de salmoura, extremamente salgada, em estado líquido. - Imagem Ilustrativa |
A
NASA confirmou que através da sonda Curiosity, foram detectadas
evidências de água líquida na superfície de Marte.
Por conta de sua distância do Sol, o Planeta Vermelho seria muito
gelado para manter a água em estado líquido na superfície, porém,
sais no solo podem diminuir seu ponto de congelamento, permitindo a formação de
camadas de água salgada (salmoura).
Os resultados foram publicados na revista Nature, e suportam a teoria de que as
marcas escuras vistas nas imagens da
superfície de Marte sejam de fato evidência de
água corrente, como já foi mostrado aqui mesmo em nosso site [
água salgada pode estar fluindo na superfície de Marte].
Cientistas acreditam que finas camadas de
água se formam quando os
sais no solo (percloratos) absorvem vapor d'água da atmosfera.
A temperatura dessas
camadas líquidas seria de -70°C , o que é
bastante frio para abrigar qualquer tipo de vida microbiana da maneira
que conhecemos. Formadas nos 15cm mais superficiais do solo marciano,
essas salmouras também estariam expostas a altos níveis de radiação
cósmica, que pode ser considerada um obstáculo para a existência de vida
como conhecemos, porém, ainda é possível que organismos existam em
algum lugar mais profundo do planeta, onde as condições sejam mais
favoráveis.
Cientistas conseguiram ainda estimar o teor de água do subsolo usando
dados de um instrumento chamado Dynamic Albedo of Neutrons (DAN). Esses
dados reforçavam a evidência de que a
água do solo está ligada a
percloratos. Finalmente, o instrumento de Análise de Amostras de Marte
deu aos pesquisadores o conteúdo de vapor de água na atmosfera. Outro
instrumento utilizado foi o Sistema de Monitoramento do Ambiente (REMS,
na silga em inglês) que é basicamente uma estação meteorológica acoplada
ao rover Curiosity, que pode medir a umidade relativa e a temperatura
local.
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Instrumento REMS da sonda Curiosity. Créditos: NASA / JPL-Caltech / MSSS
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Os resultados mostram que as condições estavam adequadas para as
salmouras se formarem em noites de inverno no equador de Marte, onde a
sonda Curiosity aterrissou, na Cratera Gale, porém o líquido evapora
durante o dia, quando a temperatura aumenta.
O espanhol Javier Martin-Torres, co-investigador da Curiosity e
cientista-chefe no REMS disse que a descoberta ainda é indireta, porém é
convincente. "O que nós vemos são condições para a formação de
salmouras na superfície. É parecido com as descobertas dos primeiros
exoplanetas", afirmou. "Não podíamos ver os planetas, mas conseguíamos
ver os efeitos gravitacionais na estrela, e por isso, sabíamos que eles
estavam lá. Da mesma forma, esses sais de perclorato têm uma propriedade
chamada liquidificação. Eles pegam o vapor de água da atmosfera e
absorvem para produzir as salmouras." Ele ainda acrescentou: "Podemos
ver um ciclo de água diário, o que é muito importante. Esse ciclo é
mantido pela salmoura. Na Terra, temos uma troca entre a atmosfera e o
solo pela chuva, mas nós não temos isso em Marte."
Apesar de pensarmos que a
água líquida se forma a temperaturas
mais altas, a formação da salmoura é o resultado de uma interação entre a
temperatura e pressão atmosférica. Acontece que o ponto ideal para a
formação destas películas líquidas é a temperatura baixa.
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Cratera Gale já teve um lago, com condições que podem ter sido favoráveis à vida.
Créditos: NASA / JPL-Caltech
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O fato de cientistas verem provas da existência dessas salmouras no
equador de Marte, região em que as condições são menos favoráveis,
significa que a
água líquida pode ser encontrada em uma
quantidade ainda maior em latitudes maiores, em áreas onde a umidade é
mais alta e as temperaturas mais baixas. Nessas regiões, acredita-se que
a
água salgada pode existir durante o ano todo.
A água é necessária para a vida como conhecemos, e de acordo com Javier,
cientista chefe, essa é uma das maiores buscas nas explorações em
Marte. Apesar das condições na superfície de Marte serem pouco
favoráveis para a vida, a possibilidade de rios de água salgada abre uma
porta para a habitabilidade no Planeta Vermelho.
Fonte: Galeria do Meteorito